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Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande do Sul

Geração nem-nem e a exclusão social

Geração nem-nem e a exclusão social - O SINDAERGS – Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande Sul, representa os Administradores gaúchos.

A geração nem-nem é composta por jovens que se encontram à margem das oportunidades, sem estudar nem trabalhar. Esse grupo, geralmente entre 14 e 40 anos, vive um momento crítico, enfrentando barreiras que dificultam tanto o acesso ao mercado de trabalho quanto à educação. Mais do que um dado estatístico, essa realidade reflete a exclusão social e econômica de uma parcela significativa da juventude, resultando em impactos profundos, tanto no desenvolvimento pessoal desses jovens quanto na sociedade como um todo.

O aumento expressivo desta geração no Brasil revela uma crise silenciosa que está se aprofundando. De acordo com o levantamento feito pela Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2024, o número de jovens entre 14 e 24 anos que não estudam nem trabalham chegou a 5,4 milhões, evidenciando uma escalada alarmante. No Rio Grande do Sul, segundo pesquisa da PUCRS, 229 mil jovens fazem parte deste grupo, representando 10% da população jovem do estado. Esses números são suficientes para lotar um município do porte de Novo Hamburgo, superando a população de 98% das cidades gaúchas.

É importante destacar que existem dois perfis principais dentro da geração nem-nem. O primeiro é composto por jovens que, devido a fatores sociais como a falta de oportunidades e a exclusão, ainda não conseguiram sair de casa ou conquistar sua independência financeira. Já o segundo grupo é formado por jovens que optam por permanecer sob a proteção financeira dos pais, desfrutando do conforto sem assumir responsabilidades. Ambos os perfis trazem um impacto significativo para o país, pois representam uma parcela da população que não está contribuindo para a economia, não gera impostos e não ajuda a girar a roda econômica.

O custo dessa geração para o Brasil é alto. A pandemia intensificou esse fenômeno, gerando uma juventude com medo de assumir compromissos, o que torna o processo de construção de independência social e financeira ainda mais demorado. Essa inação pode levar muitos jovens a caminhos perigosos, afastando-os das possibilidades de um futuro produtivo e estável.
Embora a cifra estadual seja cinco pontos percentuais inferiores à média nacional, a situação ainda é preocupante. Muitos desses jovens vivem em condições de vulnerabilidade, com acesso limitado a oportunidades educacionais e de trabalho. A situação das mulheres jovens é ainda mais desafiadora, pois elas representam 60% desse grupo. As dificuldades de inserção no mercado de trabalho e as pressões sociais para assumir responsabilidades familiares precoces contribuem para esse cenário desolador.

A informalidade também é um problema que afeta profundamente a juventude brasileira. Dados recentes indicam que 45% dos jovens que trabalham o fazem sem carteira assinada, o que os deixa desprotegidos e sem perspectiva de crescimento profissional. A falta de formalização impede que esses jovens tenham acesso a direitos básicos, como previdência social e estabilidade financeira, criando um ciclo vicioso de exclusão.

Diante desse quadro, é urgente que o governo, o setor privado e a sociedade civil unam esforços para criar políticas eficazes de inclusão social e profissional. Iniciativas como o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivos financeiros para que jovens de baixa renda concluam o ensino médio, são importantes, mas insuficientes. É necessário investir em programas de qualificação profissional que atendam às demandas do mercado de trabalho atual, além de criar mecanismos que facilitem a entrada dos jovens no mercado formal.

A crise da geração nem-nem não é apenas uma questão econômica, mas também social. A falta de perspectivas para os jovens pode gerar consequências graves, como o aumento da criminalidade, a perpetuação da pobreza e a intensificação das desigualdades sociais. É preciso enxergar esses jovens como potenciais agentes de mudança e investir em seu desenvolvimento para que possam contribuir de maneira significativa para o futuro do país.

A inação diante desse problema pode resultar em uma geração perdida, sem esperança e sem futuro. O Brasil não pode se dar ao luxo de desperdiçar o potencial de sua juventude. É hora de agir, de forma coordenada e eficaz, para transformar a realidade da geração nem-nem e garantir um futuro melhor para todos. Todos precisam agir!

Adm. Jorge Avancini

Foto da Capa: Fernando Frazão