A 48ª Expointer abriu suas portas em Esteio (RS), consolidando-se como uma edição marcada por recordes. Em seus 140 hectares de área, a feira reúne mais de 2,5 mil expositores, com uma expectativa de público que ultrapassa 800 mil pessoas. São números que reforçam a importância da Expointer como vitrine do agro brasileiro, palco de negócios, lançamentos de máquinas e tecnologias, exposição de genética animal e valorização da agricultura familiar.

No entanto, a Expointer é mais do que um evento: é um reflexo das potencialidades e dos desafios do agro gaúcho. Em um estado que sofreu com duas quebras de safra consecutivas (2023 e 2024), a feira ganha ainda mais relevância como espaço de reconstrução, troca de experiências e projeção de futuro. O impacto dessas quebras foi profundo, atingindo desde o pequeno produtor até grandes cadeias produtivas, com reflexos na indústria, no comércio e nos serviços.

É nesse contexto que se revela a necessidade de uma interlocução cada vez mais estreita entre profissionais de administração e o setor agropecuário. O administrador agrega competências fundamentais: planejamento, gestão de risco, análise de cenários, otimização de recursos e abertura de novos mercados. Essas ferramentas são indispensáveis para que o agro não apenas sobreviva às intempéries climáticas e econômicas, mas se fortaleça e avance.

Outro fator que reforça a importância da gestão é a pressão internacional. O chamado “tarifaço” dos Estados Unidos, com a elevação de tarifas sobre produtos agrícolas, evidencia como decisões externas podem afetar diretamente o desempenho do agro brasileiro. Mais do que nunca, torna-se estratégico contar com administradores preparados para analisar impactos, reposicionar cadeias produtivas e apoiar produtores e cooperativas em negociações e estratégias globais.

Assim, a Expointer deve ser vista também como um fórum estratégico. Ali, agro e administração podem estreitar laços e construir soluções conjuntas, não apenas celebrando conquistas, mas também projetando um modelo sustentável e competitivo para o futuro do Rio Grande do Sul.

O estado tem no agro sua maior força econômica, mas precisa transformar essa força em vantagem competitiva de longo prazo. Para isso, não basta apenas a produção: é necessário ter gestão. O Sindaergs acredita que o diálogo entre administradores e o setor agro é o caminho para alavancar a recuperação econômica, fortalecer empresas e tornar o Rio Grande do Sul protagonista em um mercado global cada vez mais exigente.

A 48ª Expointer é o exemplo vivo dessa capacidade de transformação: um encontro entre tradição, inovação e estratégia. Cabe agora a todos nós garantir que, além da produção, a gestão seja o alicerce para que o agro siga como motor de desenvolvimento e orgulho do Rio Grande do Sul.

Adm. Jorge Avancini
Foto da Capa: Acervo Expointer