O NOVO MUNDO DOS NEGÓCIOS – DURANTE E PÓS-PANDEMIA

O mundo mudou. Isso mesmo, o mundo mudou e ponto final. Você pode pensar várias coisas sobre isso, mas não pode negar a mudança de todo o status QUO atual de tudo e de todos, em função da, atual, pandemia. E como eu gosto sempre de dizer, antes de tocar no assunto que é delicado, respeito a opinião de todos sobre o COVID-19 e suas intercorrências, mas tenho a minha e uso esse espaço para compartilhar ela com vocês, relacionando-a ao mundo dos negócios daqui para frente.
A primeira consideração a fazer é que, devido ao isolamento social, acostumamos as pessoas a ficar nas suas casas, então, não vai ser fácil fazê-las ir para rua, por qualquer razão, daqui para a frente. Temos exemplos, inclusive, de regiões no planeta que flexibilizam algumas atividades, permitindo a reabertura de negócios, porém, a nova frequência de pessoas caiu a tal ponto que alguns empreendimentos ficaram inviabilizados. Então, acreditem, o mundo vai mudar, já mudou…
As pessoas não vão querer correr risco algum antes da existência de uma vacina e tudo que eu cito, na sequência, leva em consideração que não a temos até o momento, nem, ao menos, a data correta para que ela chegue ao mercado podendo ser aplicada em massa na população.
Um fato interessante é que o trancamento compulsório das pessoas em casa acelerou o crescimento do que é “tele” vertiginosamente, então, a tele entrega, o tele trabalho, a tele compra (e-commerce) e tudo que pode ser feito de maneira remota, digital e a distância, será tendência daqui para a frente.
O Home Office veio para ficar e a Google já avisou que os seus funcionários ficarão trabalhando desta forma até julho de 2021. Algumas empresas adotarão esse procedimento de maneira perene com seus funcionários, então, o perfil dos escritórios corporativos convencionais caiu por terra definitivamente.
Também, as reuniões no mundo dos negócios, já, mudaram para sempre. A empresa Zoom que oferece plataforma para web conferências, hoje, vale, na bolsa de valores, mais que as 7 maiores empresas aéreas do mundo somadas em valor de mercado. Sim, é triste, mas a pandemia parece que vai acabar com os negócios relacionados ao turismo ou vai dar uma boa arrefecida neles. Agências, hotéis e demais empresas relacionadas a essa prática estão em maus lençóis. A Airbnb, plataforma online de locação de imóveis, chegou a declarar, por parte do seu diretor e fundador da empresa, Brian Chesky, em entrevista à rede norte-americana CNBC: “Demoramos 12 anos para construir o negócio do Airbnb e perdemos quase tudo em questão de quatro a seis semanas”.
Modelos de negócio que necessitam de aglomeração estão em estado de “animação suspensa”. Shoppings, locais de eventos (casamentos, festas, casas noturnas, shows) e estádios esportivos, entre outros, podem estar funcionando tipo um “vaga-lume”, abre e fecha ou então completamente fechados, dependendo da situação do vírus na região do planeta em que se encontram. Esses, definitivamente, são negócios, todos que estão em risco, talvez, não tenham como mudar ou se adaptar, pois o princípio básico deles de operação requer aglomeração de pessoas.
Alguns modelos de negócio, já, estavam em risco antes da pandemia e ela só acelerou o processo de transformação destes, como os shoppings, por exemplo, que, em alguns países, estavam em franca decadência, chegando ao ponto de termos grandes estruturas fantasmas que, antes, eram grandes centros comerciais na China, agora, com quase todas as lojas fechadas e, ainda, especialistas citando esse tipo de empreendimento como estando com os dias contados nos EUA devido à franca expansão do E-commerce. A maior prova de que o modelo, atual, está em risco é que a rede Iguatemi acaba de abrir o seu décimo sétimo empreendimento e, pasmem, ele é 100% virtual ! Sim, eles abriram uma loja virtual e estão chamando de Shopping com o slogan de “que leva a experiência até a sua casa”, dizem eles.
Seria, finalmente, a expansão do E-commerce a única boa notícia desse artigo? Talvez não a única, porém, finalmente, o modelo parece ter decolado para nunca mais voltar. A venda pela internet vai consolidar-se, grandes supermercados, já, estão aderindo ao modelo e foram os últimos que, por obrigação da conjuntura da pandemia, se renderam ao modelo de operação de venda pela grande rede mundial. Ainda, temos muito a crescer nessa forma de venda, visto que, aproximadamente, somente a metade dos brasileiros tem acesso à internet e as vendas digitais tem, certamente, um futuro glorioso pela frente.
Um indício de que o mundo concorda que haverá vertiginoso crescimento do E-commerce como solução para os negócios é que o Dono da Amazon, Jeff Bezos, aumentou sua fortuna em US$ 13 bilhões somente em um dia (especificamente em 20/julho deste ano). Desta forma, os investidores, estão demonstrando, a olhos vistos, o quanto apostam no modelo de vendas online e eu acredito, piamente, que esse será o modelo estratégico de negócio vencedor daqui para frente. Se eu tivesse que abrir uma empresa, hoje, e ela não tivesse condições de se vender ou ser executada de alguma forma online, remota ou a distância eu não iria adiante na iniciativa.
E por falar em “a distância”, o que dizer sobre negócios e empresas que se propõem a ensinar? Bem, as pessoas foram forçadas a aprender e ensinar a distância durante muitos meses, desta forma, caíram por terra os preconceitos de muitos com relação a esse formato de ensino. Temos uma lacuna a ser preenchida, ainda, na educação a distância relacionada a crianças menores, entretanto, para alunos que tem idade suficiente para acessar o YouTube autonomamente, sozinhos (conheço muitas crianças por aí que assim navegam) e para idades além desse momento de maturação autônoma de acesso à internet, eu diria que só sairão de casa se quiserem para estudar daqui para a frente.
A Educação a distância é outro segmento de mercado que, anteriormente, estava em franco desenvolvimento e que foi, apenas, alavancado e teve o seu timing reduzido, no sentido de se tornar a solução definitiva para o modelo de negócio educacional que, já, era o que mais crescia no mercado antes da pandemia. Essa seria mais uma boa notícia? Depende do quanto o seu modelo de EAD é atrativo para as pessoas e de uma série de fatores, porém, afirmo que os melhores modelos de ensino a distância serão os vencedores no mercado de educação e isso não tem mais volta.
Diante de tantas evidências, reafirmo que estamos adentrando em um mundo novo, onde, uma boa parte dos velhos negócios terá que se readaptar para sobreviver, alguns vão minguar e outros, simplesmente, deixarão de existir, ainda, outros serão criados. Como ocorre com todo processo de mudança, alguns vão se recusar a mudar e, nesse público em especial que gosta de mais do mesmo, residirão os que irão “sumir do mapa” como negócio. Dá para ser negacionista do vírus, porém, afirmo, categoricamente, a vocês que não podemos ser negacionistas das mudanças que ele causará em toda a nossa sociedade e, em especial, das profundas modificações que ele causará no mundo dos negócios. Uma hora tudo isso vai passar, mas, quando tudo isso passar, todas as coisas já não estarão mais nos seus devidos lugares. Os que entenderem melhor isso, serão os que conseguirão aproveitar a crise como uma oportunidade e serão os verdadeiros sobreviventes do chamado mundo pós-pandemia que irá se criar. Você é um deles? Então, compreenda o seu negócio ou o seu trabalho como algo diferente daqui para frente. Para o momento que virá ali adiante, saber que terá que ajustar as velas e como ajustá-las, será mais importante do que a velocidade do vento. Pense nisso e Carpe Diem.
Rodrigo Dalcin – Mestre em Ciências e Matemática, professor Fadergs nas disciplinas de Gestão e Estratégia, Especialista em Educação a Distância, atual, Coordenador da área de Cursos de Extensão da Laureate Região Sul (Fadergs e Uniritter).